terça-feira, 24 de agosto de 2010

VISÃO DE ANDRÉ ROCHA: MASSACRE ALVINEGRO


O alvinegro que atropelou um São Paulo caricato e apático no Pacaembu já começa a mostrar algumas características marcantes de seu novo treinador. A começar pela intensidade e o volume de jogo. Se sob o comando de Mano Menezes, presente no estádio, o Corinthians era um time mais frio, que ficava com a bola e tentava acelerar e cadenciar de acordo com seus interesses, com Adilson Batista a equipe sempre quer o gol e trabalha forte por ele durante a maior parte do tempo. As mudanças táticas, embora sutis, também existem. Em vários momentos o esquema lembra o 4-2-3-1 que a equipe utilizou na maioria das partidas nos últimos dois anos. Mas na verdade a referência de Adílson é outra: o Cruzeiro de 2009, campeão estadual e vice da Libertadores. No 4-2-2-2 idealizado pelo treinador, um dos atacantes atua aberto pela direita – no Cruzeiro era Thiago Ribeiro; no Corinthians, Jorge Henrique. O meia mais avançado (Wágner no time mineiro e Bruno César na equipe paulista) procura o lado oposto para garantir que o ataque não fique torto e deixar o outro avante mais centralizado (Kléber/Iarley). As comparações entre Ramires e Elias que Adilson insiste em propor não são gratuitas. O técnico quer que o corintiano exerça a mesma função do volante-meia que esteve na última Copa do Mundo e foi negociado recentemente do Benfica para o Chelsea: voltar para auxiliar a dupla de volantes na recomposição e se juntar ao trio ofensivo de forma incisiva como elemento surpresa. Foi assim que Elias desequilibrou o clássico paulista e aumentou para 21 jogos a invencibilidade no Pacaembu e para dez partidas o tabu contra o arquirrival. Com fôlego inesgotável, liberdade de movimentação e muita velocidade, o camisa sete marcou dois gols e foi a principal peça ofensiva do Corinthians. Jorge Henrique foi quase tão essencial, levando ampla vantagem no duelo com Júnior César. Ralf, elogiadíssimo por Adílson na coletiva pós-jogo, e Jucilei, autor do terceiro gol, também merecem destaque pelo trabalho correto na marcação e o toque rápido e simples que deixa a saída de bola corintiana ainda mais veloz. No entanto, foi a atuação coletiva, a melhor sob o comando de Adílson, que chamou a atenção e aponta um norte seguro para o Corinthians na sequência da competição, mesmo considerando a fragilidade atual do oponente. Na tragédia tricolor, só Rogério Ceni se salvou com defesas espetaculares que evitaram uma goleada histórica. O 4-2-3-1 idealizado por Sergio Baresi com Fernandão mais centralizado atrás de Ricardo Oliveira não funcionou pela marcação frouxa no meio, a fase tenebrosa de Miranda e a atuação lamentável de Cléber Santana, como meia aberto pela esquerda no primeiro tempo ou mais plantado, como na segunda etapa após as entradas de Richarlyson e Marcelinho. É hora de reformular quase tudo e Baresi não parece o nome com vivência e estofo que o clube precisa. O Corinthians aproveita o tropeço do líder para encostar. Com dois jogos por semana nas próximas rodadas, a regularidade será fundamental para continuar lutando com o Fluminense pela ponta mantendo a boa vantagem sobre os demais concorrentes. O time de Adilson Batista é forte e quer jogo. Com organização, consistência e, quem sabe, um Ronaldo em forma física ao menos aceitável para acompanhar o ritmo alucinante do ataque, é possível prosseguir no topo da tabela e bipolarizar de vez a luta pelo título. (ANDRÉ ROCHA)

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