Avaí 3 x 2 Corinthians, o "Robin Hoody"

Wanderson Lima [convidado especial]

A baixa maior do Corinthians nos últimos jogos foi no fator eficácia. Acho que nenhum corintiano sensato pensou, porque arrebentamos nas primeiras rodadas, que o Corinthians tinha um time de craques. Tínhamos e temos, sim, um time bom, com uns 3 jogadores acima da média, e só. Mas o time estava focado de tal forma, bem distribuído, subindo e marcando em bloco que era difícil alguém nos vencer. Tínhamos organização e equilíbrio, força física e boa distribuição de bola – tínhamos, numa palavra, eficácia. Mas aí nos empolgamos pensando que contusão era problema dos outros times e, ainda por cima, pensamos ter um time de 22 jogadores, o que as duas últimas partidas provaram que não temos.

O que aconteceu contra o fraco Avaí foi a visível quebra da eficácia: fomos ineficazes na marcação em bloco, fomos ineficazes demais nas finalizações, nas roubadas de bola e, o pior, perdemos a frieza e o equilíbrio emocional. Se isso fosse pouco, ainda tivemos um técnico ou covarde ou burro, que não levou um atacante pro banco de reservas. Alguém pode até argumentar que estávamos sem atacante. Mentira. O Corinthians contratou um jovem do Guarani, de nome Douglas, que dizem que é muito bom. Por que não sobem o cara? Além disso, o Elias Oliveira, prata da casa, joga enfiado e dribla muito. O problema é que, ao contrário de São Paulo e Santos, o Timão não valoriza sua base. Que ver um exemplo? Porque manter o decrépito do Moraes, com seu alto salário, e emprestar o promissor Fran, campeão mundial Sub-18 e artilheiro da equipe na Copa São Paulo 2011, para a Americana?!

Tem muito corintiano justificando que a derrota foi um azar, que chutamos bolas na trave, que perdemos muitos gols etc. Pelo amor de Deus, galera! A gente estava jogando era contra o Avaí, eterno inquilino do Z4, que não tinha ganhado uma única partida em casa neste campeonato e que bota 8 mil torcedores num estádio porque ¼ eram de corintianos. Nossa zaga tinha tomado 5 gols em todo o campeonato e agora, num jogo contra o Avaí, toma 3! Como diria o Neto, é brincadeira!!!!!

Conversando com o Láryos, o poderoso aqui do The Timão, chegamos à conclusão de que estamos longe, como eu já havia falado, de ter 22 jogadores. Ainda é cedo para juízos definitivos, mas, pelo que fizeram até agora, Sheik e Renan não apresentaram futebol à altura dos jogadores que estão substituindo. Sheik é esforçado, técnico, mas finaliza muito mal. Garanto que se o Liedson tivesse hoje em campo a história seria outra. Quanto ao Renan, eu achava que quando ele ganhasse a oportunidade ele ia ganhar a titularidade. Pelo jeito, me enganei. Hoje ele catou borboleta num lance, saiu mal em outro e falhou notoriamente no segundo gol. No Avaí, que só neste Brasileirão tomou 29 gols e é a pior zaga, Renan era constantemente exigido; agora, no poderoso Timão ele tem poucas oportunidades de aparecer, pela zaga que temos. E o que isto implica? Vamos explicar. Se eu chuto 20 bolas num goleiro e ele toma 2 gols mas defende 4 bolas difíceis, ele se consagra; agora, se eu chuto duas bolas e o goleiro toma 1 gol, ele começa a ser questionado. Ou seja, quem é goleiro de time como o Corinthians aparece menos, e as poucas oportunidades em que aparece não pode errar de maneira alguma. Enfim, torço pelo sucesso de Sheik e Renan, mas, no momento, torço mais ainda para ver o Liedson e o Júlio César em campo.

Nosso próximo jogo é com outro morador do Z4, o América-MG, outro coadjuvante da série A. Estou com medo, não vou mentir. Preferia que fosse contra o Flamengo, ou o Palmeiras, ou o Inter – aí pelo menos eu sei que ia ver meu time voar baixo, e se perdesse pelo menos ia ser de um placar pífio de 1 a 0 com gol duvidoso aos 45 do segundo tempo. Na boa, o Corinthians, jogando em casa contra o América, não tem obrigação de vencer: tem obrigação da dar show!!! Do contrário, vai começar a temporada de caça às bruxas.