SE MUDAR, ADRIANO PODE REPETIR RONALDO

SE MUDAR, ADRIANO PODE REPETIR RONALDO (texto de José Ilan)

Adriano foi um grande jogador? Sem dúvida.

A questão é: continua sendo? Vanderlei Luxemburgo está inclinado a pensar que não.

O Corinthians arriscou, e aposta que sim.

Não há uma verdade definitiva sobre o assunto.

Porque ser um grande jogador não inclui somente a questão técnica. Neste aspecto, Adriano é jovem o suficiente para dar a volta por cima. Mas para passar a ser – ao menos – um bom profissional, tem que mudar radicalmente no campo disciplinar. O contrato firmado com o Corinthians é recheado de cláusulas que protegem o clube contra imprevistos previsíveis do imperador. Poderia ter sido igual no Flamengo, se o clube quisesse. Mas a presidenta Patrícia Amorim fechou questão com seu treinador e, um pouco a contra-gosto, ignorou o clamor da torcida. Pode-se questionar a decisão de Luxa. Mas não se pode reclamar de incoerência administrativa. Não havia como a diretoria contrariar o técnico (a não ser que o demitisse), numa situação em que ele claramente rejeitou o atleta. Luxemburgo e Patrícia certamente vão conviver com uma cobrança maior, caso o time se desacerte. Mas quem tá na chuva é pra se queimar, já disse um célebre ex-presidente corinthiano. E é exatamente no Corinthians que Adriano pode se reinventar. Provar a si próprio e a uma torcida também gigantesca, que o passado não o condena. Porque o Corinthians tem um jeito peculiar e superlativo de ser: quem é ídolo, é ídolo demais. Quem não serve, cai em desgraça absoluta. E Adriano já deve saber que não terá aquela cota extra de compeensão, fruto da idolatria que rubro-negros devotavam ao flamenguista confesso. O lado bom para o jogador e sua nova torcida é que tudo isso lembra bastante uma outra história, bem sucedida. Foi assim que Ronaldo chegou ao Timão. Foi assim, e apesar disso, que venceu desconfianças e conquistou a Fiel. E é, da mesma forma, que o Imperador pode se tornar mais um louco do bando. É só andar na linha.