Ceará 0 X 1 Corinthians

[Wanderson Lima]

Nós corinthianos já sacamos uma coisa: jogo bonito só assistindo ao Barcelona. O Timão luta, o Timão vence, o Timão lidera: mas com jogo truncado, estratégico. Tite tem mais medo de time solto do que o diabo da cruz. Se o Timão vencer esse campeonato do Vasco como eu estou pensando que vai vencer, será a vitória da eficácia sobre a técnica. Digo isto não porque eu considere o time do Vasco superior ao nosso (talvez até seja, mas por muito pouco) – mas porque o Vasco joga sem medo, enquanto nós jogamos estrategicamente.

E é claro que, hoje, contra o Ceará, não ia ser diferente. Tite armou o time para empatar ou pra ganhar como ganhou: num estalo individual – ou numa jogada errada do adversário. Ceará e Corinthians foi um jogo feio, principalmente no primeiro tempo. O time de mil volantes do Ceará até que tentou atacar na primeira parte do jogo – mas ou parava na falta de talento dos seus jogadores ou nas mãos de Júlio César, que estava numa noite iluminada. Foi um primeiro tempo tecnicamente deplorável.

No segundo tempo o Corinthians voltou mais ligado, mas o jogo continuou enfadonho. O Ceará com toquinhos chatíssimos, e o Corinthians atacando sem concluir bem. Morais não entrou bem, até porque o lado esquerdo não é muito a praia dele. Edenilson se esforçou mas rendeu abaixo de Paulinho; Danilo continuou irregular e Fábio Santos me provou de vez que chutar não é com ele. Eita partida que o Alex fez falta! Com Alex no jogo, teríamos não só uma melhor distribuição de bola como também um batedor de faltas eficaz. Quando Tite colocou Ramirez eu vibrei. Quem acompanha o Corinthians com atenção sabe que o peruano é bom de bola. Se não tivesse se machucado, acho que teria feito uma temporada bem melhor. Aí o Ramirez mostrou técnica e oportunismo, e arrancamos uma vitória bem corinthiana: na raça!

Acho que evoluímos mais ainda na parte defensiva. Aquela velha jogada em que sempre tombávamos, e que o Ceará deve ter visto e revisto durante a semana, dessa vez felizmente furou: escanteio, alguém cabeceia para trás ou de lado e outro alguém complementa. Alessandro – que insisto em dizer que joga menos que Weldinho – foi muito preciso na interceptação dessa jogada que nos causou pesadelos e está de parabéns.

Os destaques da partida para mim foram quatro: Ramirez, que entrou elétrico; Ralf, com seu incrível fôlego; Paulo André, eficácia encarnada; e Júlio César, que calou a boca dos críticos e deve ser o goleiro da rodada. Bom saber que Júlio amadureceu e sabe responder em campo, em curto espaço de tempo, a seus críticos; melhor ainda saber que Ramirez pinta como ótima opção para as últimas três partidas. Mas, no fundo, o mais maravilhoso é ver um grupo unido, disposto a dar o sangue pelo título, quer jogue feio ou bonito. AQUI É CORINTHIANS!