Corinthians 5 x 0 São Paulo Freguesia S.A.

Wanderson Lima [convidado especial]

Para meu próprio bem e para o bem de toda a Nação Corintiana, cada vez mais percebo como me enganei a respeito de Tite: o Timão prova, a cada jogo, que não só tem um sistema bem armado como também que esse sistema se aprimora cada jogo. Um baile como o de ontem é incomum, mas o incomum não é imerecido e sequer veio de mão beijada. Vencemos meritosamente os atuais líderes. Aliás, colocamos o time do Jardim Leonor no lugar, pois só um doente mental seria capaz de imaginar que a boa seqüência deles não resultava, em grande parte, de sorte e dos méritos individuais do corintiano Lucas.

O que falar do jogo em termos táticos? O Corinthians continua veloz, marcando bem e saindo em bloco, com um ataque perigoso e dinâmico. Quero ver uma radiografia do Ralf, pois desconfio que ele tem mais de dois pulmões. O cara não é gente. Danilo está justificando o apelido de Zidanilo, e nosso crescimento deve-se em grande parte à subida de produção dele. Para mim, no momento, o Corinthians é Chicão, Ralf, Liedson, Danilo e mais sete. Tite, cara, se vira!! Não mexendo nestes quatro já está bem. Levando em conta a necessidade de contenção financeira, se eu fosse presidente do Corinthians só trazia agora um lateral esquerdo. Acho que Danilo não perde mais a peteca; seu único defeito, a lentidão, é compensada por Paulinho e Ralf, que avançam bem e na hora certa. Há tempos não via um Corinthians tão concentrado. A galera joga sério, mesmo goleando, e se tivesse mais tempo alargaríamos mais o placar. A zaga do time do Jardim ainda hoje deve estar zonza; tem zagueiro ali que vai ter que fazer psicanálise para recuperar a estima: chapéu, caneta, firula de deixar o cara no chão (além do que fez o Danilo, alguém se lembra da pintura que fez o Ralf também?) – e tudo isso a serviço de um futebol eficaz.

A oportunidade de o Corinthians vencer o Brasileirão é imensa. Digo até que somos o grande favorito. O Santos, adversário mais duro, tem outros focos, como ser campeão mundial e segurar seus astros. Cruzeiro e Inter estão longe do futebol apresentado no ano passado. Flamengo e Palmeiras podem dar trabalho, mas são superáveis. E o time do Jardim, para concorrer, precisaria de 3 Lucas e um regulamento que desse a eles a vitória por W.O. diante de nós.

Como corintianos, devemos aplaudir e agradecer dois ilustres tricolores. O Carpegiani, em primeiro lugar, por armar tão mal seu time e deixar a experiência de Rivaldo no banco. E o Rogério Ceni, maior goleiro freguês na história dos confrontos, que engoliu um franco e deixou passar uma bola defensável do nosso matador.

Temos o segundo melhor ataque, a melhor defesa (onde Castán vem no nível surpreendentemente nivelado com o Xerife Chicão), o melhor saldo de gols e o artilheiro do campeonato. Por fim, destaco o goleiro Júlio César por seu zelo e higiene: não deu o menor trabalho ao roupeiro (até porque não teve oportunidade de sujar o uniforme!).